24 de jul. de 2012

Capítulo 1


O dia decorria chuvoso na cidade de Nuvema. Os Pidoves, que normalmente estariam cantando, agora se abrigavam confortavelmente em seus ninhos, enquanto os Patrats voltavam às tocas no bosque. As nuvens negras despejavam torrentes de água, castigando a pequena cidade, ao mesmo tempo em que fortes lufadas de vento varriam a paisagem. Para a população da cidade rural, isso era algo costumeiro. Ultimamente, chuvas fortes e alterações climáticas haviam se tornado algo frequente pela região de Unova. Mas mesmo assim, quase nenhuma das pessoas ousava por os pés para fora de casa. Porém, algumas ainda precisavam enfrentar a chuva torrencial.
 Em uma pequena rua da cidade, um garoto de cabelos negros corria apressadamente, tentando ao máximo fugir da tempestade.  Sua jaqueta azul e sua camiseta branca de marca agora estavam encharcadas. As barras da calça negra estavam cobertas de lama, juntamente com os sapatos azuis caros. Por várias vezes teve que secar a água que se acumulava nas finas lentes dos óculos de armação vermelha. Porém, ele não podia se atrasar. Tinha um compromisso marcado e era extremamente importante.
 Alguns minutos depois, chegou à porta da alta casa azul de dois andares. Bateu na porta algumas vezes e esperou-a ser atendida por uma bela mulher de cabelos marrons e olhos azuis, vestindo roupas casuais, mas que ainda conservavam sua beleza. Ela sorriu para o garoto:
 - Oh, Cheren! Suas roupas estão um nojo. Deveria ter pedido uma carona para o seu pai, para não pegar chuva.
 - Ah, você conhece a história, senhora Forttren. – retrucou o garoto, entrando na casa e limpando os pés no tapete de entrada – Ele está ocupado demais. Sempre está.
 A mulher soltou uma pequena gargalhada e disse logo em seguida:
 - O Hilbert está no quarto. Pode subir se quiser.
 Cheren assentiu.
 - Obrigado, senhora. – e foi subir as escadas. Ao atingir o topo, se deparou com um corredor. Havia três portas e o garoto escolheu a segunda da direita, como bem conhecia. O cômodo em que se encontrava agora era pequeno, mas confortável. Possuía uma cama, uma escrivaninha com notebook e uma estante com uma televisão e um videogame, que neste momento estava sendo jogado por um garoto que estava sentado na cama.
 Hilbert Forttren era um garoto de estatura mediana e um porte físico razoável. Tinha olhos castanhos e cabelos da mesma cor, que no momento estavam parcialmente ocultos pelo boné vermelho e branco que utilizava. Suas vestimentas eram uma camiseta negra sobreposta por uma jaqueta azul, calças jeans negras e tênis vermelhos. No pulso estava a mais nova versão do Xtransceiver, um aparelho de alta tecnologia que permitia chamadas de vídeo e voz a longas distâncias. E, repousando ao seu lado na cama, estava uma bolsa de ombro de viagem, carregada com tudo que o garoto precisaria para aquele dia especial.



 - Olá, Cheren. – cumprimentou simplesmente.
 - Boa tarde. – disse o outro, apertando as mãos de Hilbert enquanto retirava a jaqueta molhada e pendurava-a em um prego na parede. – Como está?
 - Nervoso, considerando o dia de hoje.
 - Pois é. Passei a noite inteira pensando nisso. Já chequei minha mochila três vezes, para ver se não esqueci nada. – admitiu Cheren. – A professora Juniper já veio entregar o pacote?
 - É claro.
 Professora Juniper era a especialista Pokémon na região de Unova. Uma bela mulher em torno de seus 20 anos, com longos cabelos castanhos e olhos verdes. Era extremamente inteligente e criativa, além de atenciosa e carinhosa. Era ela quem enviava Pokémons iniciais para os Centros Pokémon de todo o continente entregarem para os treinadores iniciantes, além de entregar pessoalmente para aqueles que estavam na cidade Nuvema, que era onde ficava o seu laboratório.
 E naquele dia em específico, Hilbert e seus amigos começariam uma jornada. Eles queriam se tornar treinadores Pokémon. Iriam enfrentar os oito ginásios de Unova para entrar na Liga. Teriam de enfrentar a Elite dos 4 e seu campeão para um deles se tornar o melhor treinador do continente. Era esse o sonho que eles queriam seguir. Mas para isso precisariam de um Pokémon inicial. E seria o que eles pegariam naquele dia como presente da professora Juniper.
 Cheren já tinha decidido na mente qual iria pegar. E estava ansioso para isso. Ele olhou rapidamente pelo quarto e notou que em cima da escrivaninha havia uma caixa de papelão, lacrada com uma fita azul. Um pequeno bilhete estava grampeado nas abas da abertura.
 - A Bianca ainda não chegou? – indagou, impaciente.
 - Ela ligou há pouco tempo. – respondeu Hilbert, desligando o videogame. – Disse que estava convencendo a mãe a dar uma carona até aqui. Ela não quer pegar chuva. Mas parece que tem um problema maior. O pai dela não quer deixa-la vir.
 Ambos ficaram em silencio. Já fazia algum tempo que esse problema era um incômodo na vida deles. O pai da garota não permitia que Bianca se tornasse uma treinadora. Ele tirava todos os Pokémons de perto dela, cortava todos os canais sobre batalhas na TV e odiava quando ela se encontrava com Hilbert e Cheren, que eram grandes incentivos para ela querer se aproximar das criaturas. No entanto, ele não conseguia retirar esse sonho da cabeça da garota. E agora, no dia da escolha do inicial, ninguém sabia o que ia vencer: a teimosia da filha ou a superproteção do pai.
 Repentinamente, o Xtransceiver de Hilbert começou a tocar. A tela mostrava a foto de uma garota loira sorrindo na frente da Burned Tower de Johto. O nome que aparecia embaixo era “Bianca Lorty”.
 Hilbert o atendeu:
 - Já está chegando?
 - Com certeza. Consegui sair de casa, mas estou a pé. Dentro de cinco minutos estou aí.
 - Beleza. Estamos te esperando. Tente chegar rápido e sem causar confusão.
 - Okay, okay. Você me conhece, não? Alguma vez já os decepcionei?
 - Quer mesmo que eu conte todas? – Hilbert indagou, fazendo uma careta.
 - Tá bem, deixa pra lá. Só me esperem. – e a chamada desligou.
 Hilbert guardou o aparelho na bolsa e contou a Cheren que a amiga estava chegando. Passou-se um tempo e ouviram uma batida na porta. Um minuto depois e uma garota encharcada estava subindo as escadas.
 - Oi gente. Eu demorei? – indagou ela, sorrindo.
 - Muito! – gritou Cheren, irritado. – Sabe que horas são? Cinco da tarde! Como vamos começar a jornada hoje desse jeito? Vamos ter que dormir na Rota 1. E ainda nessa chuva. Vai nos atrasar completamente! Você não consegue ser um pouco menos lerda?
 Bianca ficou surpresa. Não esperava aquele tipo de reação do amigo. Mesmo sabendo que Cheren era um tanto impaciente, era demais se irritar assim por causa de um pequeno atraso.
 - Tudo bem, chega! – pontuou Hilbert. – Cheren, cala essa boca e vem aqui. Vamos escolher logo esse inicial. A gente passa a noite aqui em casa e começa a jornada amanhã, sem problemas.
 - Okay.  – o amigo concordou, ainda que de má vontade. Bianca apenas assentiu com a cabeça.
 Agora, o maior problema seria escolher o primeiro Pokémon. Nunca era uma escolha fácil, como Hilbert sabia. Ele ainda não tinha certeza sobre a sua escolha e ainda considerava na cabeça todos os pontos táticos e estratégicos de todos os três Pokémons que estava dentro daquela caixinha.
 Para facilitar a escolha, o garoto puxou a fita da caixa de presente e a abriu, revelando três Pokéballs cuidadosamente ajustadas lá dentro e uma a uma, foi liberando os Pokémons que havia dentro delas.
 A primeira escolha era um tipo fogo. Tepig era um Pokémon parecido com um porco de coloração geral laranja. No entanto, o topo de sua cabeça, as orelhas, as patas dianteiras e os quadris eram negros. A cauda fina era adornada com uma bolinha vermelha na ponta, que estava o tempo todo se movendo, enquanto o Tepig andava de um lado para o outro, farejando o local. Sua feição era bem curiosa e alegre.
 A segunda escolha era Snivy, do tipo grama. Esse Pokémon assemelhava-se a um réptil, principalmente a uma serpente verde. Sua barriga era de cor creme, juntamente com as patas traseiras e a parte debaixo do rosto. Nas costas havia uma listra amarela, a mesma cor do colarinho em volta de seu pescoço, que dava a ele um ar mais nobre, como se ele fosse um príncipe. Isso contrastava com seus olhos vermelhos, sempre observando a todos ao redor com inteligência e criticismo, tentando decidir ali quem era o mais digno de ter sua atenção.
 E por último havia a escolha do tipo água, Oshawott. Ele se assemelhava muito a um cruzamento de lontra com castor. Sua coloração variava do branco da cabeça e braços, do azul claro do torso e do azul escuro das orelhas, cauda e pés. Sua cauda era achatada para ajudar no nado e na barriga carregava uma concha, que era usada como espada, escudo e bumerangue em suas batalhas.

 Bianca foi a primeira a escolher. Soltou um grito estridente que assustou a todos no cômodo:
 - EU QUERO O OSHAWOTT! COMO ELE É FOFO! PELAS BARBAS DE LANDORUS, EU PRECISO DELE! – e logo em seguida saiu correndo na direção do Pokémon. Ela o pegou e abraçou tão forte que poderia tê-lo matado de asfixia se ele não tivesse a afastado com um fraco Water Gun.
 - Muito bem, Bianca, você pode ficar com o Oshawott. – Hilbert concordou, olhando as duas opções restantes. Snivy e Tepig. Ainda não tinha certeza se queria o porquinho ou o réptil. Mas a indecisão acabou em um instante.
 - Tepig, você é meu. – era a voz de Cheren, escolhendo o segundo Pokémon com certeza. O tipo fogo apenas o observou, assoprou uma pequena quantidade de brasas pelo nariz e foi correndo na direção do novo treinador. O garoto pegou sua Pokéball e o retornou.
 Nesse caso, só sobrava uma opção para Hilbert: o Snivy. O tipo grama havia percebido isso também e logo suspirou como se tivesse que se conformar com isso.
 - Parece que você vai ser o meu novo parceiro. – Hilbert afirmou e tentou acariciar a cabeça do Pokémon. Snivy recuou na hora para impedir o gesto e subiu em cima da cama, observando o seu treinador de lá.
 - Parece que ele não gostou de você... – comentou Bianca com um risinho, enquanto abraçava levemente o seu Oshawott.
 - Será...? – Hilbert perguntou, incrédulo. Não era possível que ele tivesse o azar de ter problemas logo com seu inicial.
 - Não creio que seja isso. – Cheren interviu – Os Snivys não são conhecidos por julgarem um treinador tão precipitadamente para decidirem se gostam dele ou não. Normalmente, eles esperam até que o treinador se mostre digno de tê-los. Mas, quando isso não acontece... Há muitos relatos de Snivy’s que abandonaram seus treinadores por os acharem fracos demais.
 - Então quer dizer que eu preciso mostrar a ele que eu sou um bom treinador? – Hilbert indagou pensativo.
- Exatamente! – Cheren respondeu.
 - Então eu conheço o melhor jeito para você mostrar isso pra ele, Hilbert! – gritou Bianca, empolgada.
 - E qual seria?
 - Uma batalha Pokémon! A primeira de nossas jornadas! O que me diz? – os olhinhos da garota brilhavam. Era óbvio que estava ansiosíssima para testar seu Oshawott numa batalha.
 Hilbert olhou de leve para Snivy. O Pokémon de grama apenas assentiu com a cabeça, indiferente a tudo que acontecia. “Ele é bem confiante...” o treinador constatou em pensamento “E arrogante também. Mas, querendo ou não, é meu Pokémon”.
 - Eu aceito! – Hilbert confirmou, segurando a Pokéball de seu Pokémon – Eu e Snivy aceitamos o seu desafio!

8 comentários:

  1. Adorei o capítulo 1. Normalmente em meu White acabo por escolher um Oshawott, Bianca fica com Tepig e Cheren com Snivy, mas essa ideia combinou bem. Estou ansioso pela primeira batalha de Hilbert, e quero ver do que Snivy é capaz.
    Até!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fala aí, Abyssal. Fico feliz que tenha gostado desse capítulo. Nossa, cara, eu tenho Pokémon Black e sempre escolho o Snivy. Eu gosto demais desse Pokémon e prefiro os golpes de grama dele do que os do demais. E na fic eu achava que ele ficaria bem bacana, por causa da personalidade que eu pretendo fazer ele ter. Não gostaria muito de um Oshawott ou de um Tepig porque eles não combinam muito com meus planos pra esse inicial do Hilbert. Você entenderá melhor com o tempo.
      E não se preocupe, o próximo capítulo não irá decepcionar. A batalha será muito interessante e trará algumas surpresas. Espero vê-lo lá.
      Um abraço, meu amigo, e até a próxima!

      Excluir
  2. Uhuuuuu! Primeiro capítulo! Adorei o início e a personalidade do Snivy. Embora o Hilbert de início tenha ficado meio sem personalidade, eu simpatizei com ele. Creio que podemos esperar grandes coisas do mesmo na liga.
    Continue assim, sua escrita está ótima!
    (Obs.: Quase morri quando vi que ia fica duas semanas sem nenhum capítulo Buáááá)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E aí, Carol? Tranquila?
      Pois é, demorou um pouco, mas o capítulo 1 saiu. De fato, a personalidade de nosso Snivy vai ser bem interessante ao longo da história. E o Hilbert também não decepcionará. Você verá nos próximos episódios. E, com certeza, ele será um grande problema pros adversários na Liga.
      Fico extremamente agradecido pelo seu comentário e pelos seus elogios. E, pois é, vai ser duro pra mim também não poder postar e acompanhá-los durante esse tempo, mas... Uma viagem dessas eu não poderia perder, né? XD
      Um grande abraço e até mais!

      Excluir
  3. Bem ... como foi um primeiro cápítulo pequeno , não tenho muito o que dizer ; mas , uma coisa que foi bem notável foi a sua descrição .... você soube descrever muito bem ; me senti como se eu estivesse assistindo um anime. :)
    E gostei muito da personalidade da Bianca.... tenho a impressão que futuramente ela vai gerar ótimas risadas.
    kk
    Espero ansiosa o próximo capítulo ^^

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Tranquila?
      Caramba, fico feliz que você tenha gostado da minha descrição. Realmente, é uma parte da história que eu me preocupo bastante. Eu não gosto normalmente de ler coisas com descrição ruim, por isso, faço o máximo para que isso seja o melhor possível em minha história. :)
      E garanto sim que a Bianca ainda trará uma boa comédia pra fic e ainda será um personagem que veremos bastante. Por isso apenas aguarde que em breve o próximo capítulo estará aqui.
      Um abraço e até a próxima!

      Excluir
  4. Olá!
    Em primeiro dou-lhe os parabéns o capitulo tá muito bom. Achei um início normal enquadrando-se nas linhas da história. Sim a descrição é um facto muito importante da história e vocês aposto muito nela.
    Eu espero vez mais capitulos em breve e por favor não demore muito é que sabe, a região de Unova é a minha preferida! Ah! Se possível faça ago mais para a próxima, OK? =D
    Vou ficar ligado :D

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Tranquilo?
      Muito obrigado pelos seus elogios. Realmente, me esforcei nesse capítulo e a descrição é uma das partes que mais me preocupo. Gosto que meus leitores se sintam na história, como se tivessem vendo um anime ou até mesmo como se estivessem dentro da sala, visualizando o cenário. Não sei e estou conseguindo isso, mas...
      Bem, cara, não posso prometer nada quanto aos próximos capítulos em breve. Como deve ter lido nas Notas do Autor, estarei durante 15 dias na Europa, de férias. Consegui um wi-fi aqui (que uso para responder este comentário), mas não terei condições nem tempo para escrever o capítulo 2. Me perdoe mesmo, mas depois dessas férias eu prometo que não vou parar! Teremos um capítulo novo por semana! :D
      Então, um abraço e até a próxima!

      Excluir